9.5.02

Há um vento forte, vento de tufão, que assobia pelas frestas da janela, furioso. Bom para me lembrar que a janela tem frestas - ah, muitas delas. Mas o mais curioso agora é que eu rodopio no ar parado daqui de dentro, e fantasio que estou sendo levado pelo vento. A pantomima da tragédia. Mas ainda assim, se eu fecho os olhos, as paredes somem. Por quê? Talvez o íntimo esteja envolvendo o superficial, numa troca de posições insólita. Talvez a tempestade me molhe por dentro agora. Mas só o que sei é que ao som dos violinos ensandecidos eu sonho que sou levado. Levado pelo vento. E arranco, quebro, arrasto muita coisa comigo.

E a criança chora ao olhar para si mesma, adulta, envolto no pesado manto e com uma faca na mão. A criança chora por ter que morrer, mas o adulto sorri, um sádico sorriso. Ele tem a faca agora, e sabe usá-la. E sobrevive.

Me perdoem por esse post.


Wind

Nenhum comentário: