27.5.02

Clássicos da Bebedeira Internacional


Conforme posteriormente revelado para o protagonista


Batidas na porta do quarto. Um rapaz sonolento e descabelado levanta e cambaleia até a porta. Olha pelo olho mágico: do outro lado, um casal acompanha nosso herói, que não parece nada bem. O rapaz abre a porta, e os três entram. O rapaz conversa com o casal, que diz que nosso herói passou da conta na bebida e está completamente fora de órbita. Alheio a tudo isso, nosso herói começa a tirar camada por camada de casaco que lhe vestiram, a camisa, o tênis e o cinto, e atirando tudo pelo chão do quarto.

Súbito, um choque. Nosso herói olha para frente e se lembra que dormirá na parte superior do beliche, o que significa que terá que subir a escadinha. Os outros três presentes ficam em silêncio, observando aquele homem intrépido porém alterado, encarando a escada. Uma tentativa, e a mão passa longe. A segunda esbarra, mas não se fixa. Na terceira vez, sua mão se prende a um degrau. Nesse momento, nosso herói se atira escada acima com uma estranha porém eficiente agilidade. Em poucos minutos, está frente a frente com o colchão.

Sem mais demoras, ele se deita, resoluto. A mulher ainda o cobre maternalmente com a manta, e ele agradece em português impecável, de olhos fechados. É o fim da desventura noturna. Aliviados, os três se despedem, o rapaz se deita novamente e o casal vai indo em direção à porta. E eis que o rapaz pergunta:

- Ele vomitou muito?

Ao que o outro responde:

- Sim, bastante. A última vomitada dele foi lá na Brigadeiro.

E repentinamente, a voz de nosso herói brota do fundo de sua alma, causando espanto a todos. E ele diz:


- Brigadeiro? Eu não comi brigadeiro!


Há um longo silêncio. O casal se vira sem dizer mais nada, apaga a luz do quarto e sai fechando a porta atrás de si, mergulhando o quarto na escuridão. E ainda se ouve, baixinho:

- ...não comi brigadeiro! comi?


Pano rápido.



Wind

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