21.5.02

Eu estou muito, muito triste hoje.

É curioso como nós sempre nos apoiamos em algo. Sempre. Com certeza todo mundo que lê essa poioca já passou pela terrível situação de se notar completamente alicerçado em algo passível de ruir. E o pior: aposto que a maioria só notou o que tinha feito quando a casa já estava caindo. Sim, mas não falo disso. A impressão geral que se tem é que tendemos a nos escorar em coisas, sim, mas que quando nos concentramos, podemos andar com os próprios pés o quanto quisermos. Questão de autodisciplina, conhecimento, força de vontade.

Mas sabe que não é assim? A única coisa que difere uma situação da outra é que o peso é dividido entre vários pontos de pressão. Não temos uma grande plataforma aonde nos apioarmos, então dividimos nosso peso sobre as lascas. A vantagem óbvia é que se um ponto de apoio ruir, nos desequilibramos mas não caímos. A desvantagem é que nunca estamos preparados, pois nos falha a percepção de quais são esses pontos de apoio.

Basta um final de semana. Planejado há tempo, pensado, repensado, tratado com aquela ansiedade de "aí vem coisa boa". E eis que, faltando uma semana, praticamente tudo dá errado e surgem zilhões de complicações e o seu planejamento vai pro espaço. Isso não parece um motivo para causar grande decepção ou tristeza. Não parece, mas pode se tornar.

É só unir os ingredientes. A ansiedade infantil, a monotonia do cotidiano, a antecipação involuntária (aquele tipo de pensamento, "nossa vai ter isso e aquilo, que barato"). Altamente inflamáveis ao contato com a frustração. Altamente.

E apenas quando você se vê de extremo mau humor, genuinamente triste, e lamentando intensamente os imprevistos, é que você nota o quanto você depositava em cima de uma coisa tão banal. Quanto de você era aquele mero fim-de-semana, aquele parco plano de encontrar os amigos e se divertir - a diversão, quanto peso nós não aplicamos nela sem saber.

Somos potenciais dependentes do lazer. Isso não é novidade para ninguém, mas certamente é chocante sentir na pele.


Mas como eu disse, não vai ser ruim. Apenas não vai ser o que eu queria. Paciência (ah, a paciência... Um dia eu lembro onde eu guardei a desgraçada!).



Wind.

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