30.4.03

Eu não entendo, juro que não entendo. Não faz sentido. Todo esse papo de depressão, de remédios, de "deficiência de atenção", essa merda toda, é tudo bobagem. Nada disso está adiantando nada, nada está gerando nenhuma melhoria. Nomes novos para as mesmas velhas situações. Isso, sim, me deixa doente. Eu fico doente de estar preso a essa situação escrota, de ter que ouvir sempre a mesma babaquice, e não poder responder. Porque eu não consigo sair do atoleiro pra poder mandar a lama se fuder.

Fazem quatro anos já que eu dei o primeiro passo pra me libertar, mas foi só o primeiro passo. E mais nenhum. Não consigo dar o segundo, muito menos o terceiro. Caí na areia movediça. E agora sou forçado a ver o fracasso que eu sou e as pessoas sendo tão compadecidas. Tem tanta gente idiota e imbecil no mundo que consegue estudar, ter um trabalho, se manter... gente imbecil mesmo. E eu, a estrela promissora, o superdotado, o filho-mimado-que-nunca-passou-necessidade, eu não consigo. É uma agonia horripilante, ver tudo à sua volta, tão perto, tão disponível, e não ter forças para esticar o braço e agarrar. Ou esticá-lo tão lentamente que as coisas vão embora. Ou agarrar algo e não conseguir segurar, deixar escapar. Não tem justificativa. Não tem razão. Simplesmente é, e não dá sinais de melhora, nunca.

Porra, eu não me entrego. Eu não desisto, não sou derrotista. Eu não recorro a àlcool, drogas, eu não fujo da realidade. Não canalizo minha angústia em agressividade ou vandalismo. Não sou autodestrutivo. Não sou ignorante, eu sei muito bem o que e como fazer. Não tem nenhum erro tático ou estratégico no que eu faço. Mas simplesmente não dá certo.

E tudo o que eu posso fazer é ficar nessa merda e brigar com meus pais, que apesar de tudo, são pais, nunca vão entender, nunca vão deixar de estender os tentáculos e tentar me arrastar de volta, eliminar a única etapa que eu consegui ultrapassar. Faz tanto tempo, tanto tempo que eu quero, que eu preciso, cortar as amarras, dar um até logo, impôr o que EU quero pra minha vida, impor o MEU jeito, mas o meu jeito não dá certo. E eles não entendem que o deles dá muito menos. Se ao menos eu tivesse me estabelecido um mínimo que fosse, qualquer empreguinho contanto que fosse estável, uma faculdade indo bem, qualquer coisa... eu me livrava na hora, acabava essa pressão maldita de ter que dar resultado ou voltar pra casa, ou ir embora daqui. Mandava pastar, desligava o telefone, e pronto. Fim do estresse. Mas não, é por um lado a incompetência, e por outro a inconsistência.

E ainda tem aquela simpatia das pessoas, "ah, eu passei por isso, blablabla". Passou, mas superou. E eu? Não vejo ninguém que ainda esteja no fundo do poço me dando esperanças. Só quem já saiu. Aí é fácil. Portanto, que fique estabelecido que esse post é uma mera notificação. NÃO é um diálogo. Logo, poupem-me da compreensão e da psicologia de botequim nos comments.

Só me deixem em paz.


Wind

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