1.3.03

Pérolas do Nonsense Urbano Cotidiano


Estava eu no ônibus a caminho da bunker, quando percebi que alguns assentos à frente eram ocupados por um grupo de jovens engajados num animadíssimo papo... sem emitir qualquer som. Conversavam por linguagem de sinais. Eu já tinha visto isso algumas vezes durante o ano em que morei na frente de um instituto educacional para surdos-mudos, em Laranjeiras. Volta e meia eu saía de casa na hora em que todos saíam do colégio e ficavam no ponto de ônibus, tendo conversas animadíssimas e absolutamente silenciosas. Fiquei ali distraído, ora prestando atenção neles ora não. Pois quando estou já em Copacabana, perto do meu ponto, eis que o inusitado acontece: um celular toca. E um deles faz um sinal para os outros esperarem, e saca o celular do seu bolso. Agora, por que RAIOS um surdo-mudo tem um celular?! Muito para meu desapontamento, ele olhou, olhou, e apertou o botão de cancelar chamada, não atendendo. Mas eis então que os outros estendem os braços pra fora das janelas do ônibus e começam a abanar!

No fim das contas, resultou que era uma amiga deles (namorada do cara do celular, também surda-muda) que estava esperando o ônibus em que eles estavam no ponto, e ao vê-lo se aproximando deu um toque no celular (!) do namorado para que eles confirmassem se era aquele mesmo, o que eles fizeram abanando os braços para fora do veículo. Caso resolvido e todos felizes, exceto pela pergunta que não quer calar... por que ele tinha um celular? Seria exclusivamente para aquele tipo de situação? Se for, ela deve acontecer muito, porque o modelo do celular do cidadão não era dos mais baratinhos não.

Tem certas coisas que só se vê no Rio de Janeiro :D


Wind

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