25.9.08

Eu queria muito saber exatamente quando minha vida deixou de ter capítulos inéditos e passou a ser uma sucessão de reprises ad nauseum, tipo uma sitcom dos anos 80.

Há quanto tempo eu estou revendo o mesmo filme passar, de novo e de novo, mudando apenas - e vagamente - a ordem das cenas?

Acho que nunca em toda a minha vida eu tive uma sensação tão forte de estar vivendo em círculos quanto hoje. Pela segunda vez, uma reestruturação gerencial me foi enfiada goela abaixo por alguém que chegou ontem e já tem uma idéia mirabolante de como fazer as coisas funcionarem melhor aqui no trabalho. Sem fazer o menor esforço para convencer os funcionários, sem agregar nenhum valor - pelo contrário, agora a responsabilidade que seria do chefe de divisão será distribuída pelos subordinados, que agora são autônomos e responsáveis por seus próprios projetos. Isso tudo, claro, mantendo o mesmo cargo e função atuais. E o argumento foi o melhor - "vai engrandecer vocês." Juro que tive que segurar a gargalhada.

E o pior é que o caos que se instaurou com a transição inesperada de estrutura vai fazer muitos projetos atrasarem e/ou falharem, o que significa que a recém-conquistada responsabilidade vai se traduzir em culpabilidade com 100% de certeza. Em suma - é uma cilada, Bino!

Não consigo nem começar a enumerara as razões pelas quais essa mudança foi um erro idiota. Mas não é esse o problema. O problema é que isso tudo já aconteceu, em 2006! E naquela vez não foi feita por um comissionado qualquer, foi feita pela FGV e a um custo bem alto. E foi uma merda!

Não aguento mais esse lugar, não aguento mais essa mentalidade idiota do funcionalismo público de que toda troca de quadro hierárquico tem necessariamente que trazer uma troca de organização e de políticas que visam "moralizar" ou "agilizar" o tribunal. Essa merda nunca vai ser ágil nem rápida, e não é por falta de vontade, mas por excesso. Porque todo mundo se acha o único gerente inteligente do judiciário federal e resolve rearrumar a casa inteira quando assume. E assim eu vou, de dois em dois anos, começando tudo de novo do zero.

Mas não consigo sair daqui. É um pesadelo logístico. Sempre depende de alguma coisa - minha graduação, a quitação das dívidas, etc. - e essas coisas sempre parecem cada vez mais distantes. Mesmo a despeito da minha consciência de que eu não podia me amarrar muito a esse lugar, que trabalhar aqui era um quebra-galho temporário, estou sempre cada vez mais atrelado a esse emprego e, principalmente, ao dinheiro que ele me dá.

Eu olho para trás e penso como eu fui burro de não sair em 2005, quando as dificuldades que eu teria que enfrentar ainda seriam totalmente administráveis. Antes de investir tanto em um projeto de vida a dois que, pra piorar, acabou não vingando. Aceitei ficar aqui para poder realizar sonhos, mas eu caí da cama e quando dei por mim, estava com a cara no chão e com os pés acorrentados a esse transatlântico furado.

Acho que está na hora de cogitar mudanças mais radicais de vida. Bem mais radicais.



Wind

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