17.8.03

Libido: é o instinto natural reprodutório, uma força natural que mexe com os motores mais básicos do ser, que o impulsiona a espalhar seu código genético e gerar prole. Como o ato sexual é imbuído de prazer físico, vários animais, não apenas o homem, também se engajam no ato sexual mesmo quando não há possibilidade real de fecundação (i.e. relações fora de período fértil, relações homossexuais, qualquer estímulo sexual que não por vias reprodutivas, etc)

Amor: uma reação química em cadeia, gerada por uma imensa variedade de fatores, capaz de provocar mudanças de humor, de consciência, e alterar as funções corporais. Em geral, como a maioria das alterações químicas significativas, é inebriante e prazeiroso. Suas incontáveis nuances jamais deixaram de ser exploradas por aqueles que estudam as sensações, e sua combinação com outras emoções e sentimentos pode resultar em uma variedade virtualmente infinita de comportamento.

Por uma dessas inexplicáveis maravilhas da natureza, a Libido e o Amor, muito embora sejam coisas absolutamente diferentes, nas formas de vida mais evoluídas podem se tangenciar e se mesclar, potencializando-se um ao outro, elevando a percepção de prazer e preenchimento dos envolvidos.

Entra em cena a psiquê humana. Exemplar único na natureza, com um potencial vastamente maior do que mesmo os mais inteligentes dos animais, e dotada de recursos de persistência, como a memória detalhada, o registro histórico e o sub-utilizado recurso do inconsciente coletivo, em algum momento da evolução humana, perpetuou uma falha: fez da exceção a regra, e registrou Libido e Amor como duas forças interdependentes. Uma falha de sistema, que alterou o bom funcionamento das engrenagens sociais entre os seres humanos, piorada através dos séculos por fatores sociológicos.

Hoje em dia, uma pessoa que tenha visão o suficiente para discernir os dois, é tratada como excêntrica, e é persona non grata em qualquer relação baseada em Libido ou Amor. E mesmo essas pessoas que percebem a diferença estão subconscientemente condicionadas ao erro, o que faz com que elas aceitem a separação de idéias no campo abstrato, e até mesmo no campo concreto referente a si mesmo (já que as próprias sensações geralmetne confirmam a verdade), mas tenham extrema dificuldade em aceitar essa mesma separação aplicada a uma pessoa por quem se nutra sentimentos.

Mas enfim, o post era só para dizer: Não é hipocrisia achar que sexo e amor não andam juntos e ainda assim ter ciúmes do(a) parceiro(a) quando este faz menção de separar os conceitos. Também não é natural nem correto, mas é um erro que foi cometido há muito tempo atrás em algum ponto muito distante da corrida evolucionária, e definitivamente, não é culpa de ninguém que respire e ande sobre a Terra nos dias de hoje.

Mas achar o culpado é fácil. A parte difícil, que é corrigir o erro e separar as coisas corretamente, o que acabaria com 90% dos conflitos emocionais entre seres humanos, essa nem eu nem meus filhos, netos ou bisnetos, vamos estar aqui para ver... infelizmente.



Wind

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