23.9.01

Você já teve um daqueles pesadelos ruins, mas ruins mesmo, aqueles que pegam você pelo estômago e esmagam, que procuram seu medo subconsciente mais terrível e medonho e o esfregam com vontade na sua cara, aqueles que você se sente enauseado e desnorteado pela quantidade de merda que ocorre, e que quando você acorda, você está chorando?
Pois você tem sorte de sempre acordar. E se por um acaso você não acordasse do sonho? E se aquilo tudo fosse REAL e não tivesse volta? Nada de botão de reset, nada de "ufa que susto, foi tudo um sonho", nada de tudo de volta ao que era antes?
Existem dias como esse, dias como hoje, que merecem ser apagados da existência. Não da folhinha, não da memória. De toda a maldita linha temporal.
Dias em que você consegue atacar TODOS que passam a um metro de você, apenas porque sua besta quer sangue. Apenas porque você está com uma urgência interior de subverter todas as regras de vida em sociedade, e encare, apenas porque você quis.
Nós sempre nos escondemos atrás de qualquer desculpa subjetiva, como "não estou bem", "acordei com o pé esquerdo", "Tô de ovo virado", e outras babaquices similares que no fundo só significam que a sua agressividade está à flor da pele e você precisa descontar em alguém. E para não ter que eleger ninguém e parecer parcial, você simplesmente ataca todo mundo.
Talvez se o ser humano ainda tivesse que caçar por sua comida ou lutar com pedaços de osso por um lugar para morar, as coisas fossem diferentes. Talvez se nós não acreditássemos que cada ser humano na face da terra merece ser tratado como igual, não fosse assim. Isso me faz pensar se nos países de religião islâmica, onde se elege um secto da humanidade para odiar e descarregar a agressividade a esmo, os verdadeiros amigos não são bem mais verdadeiros do que os nossos... Talvez por eles canalizarem esse instinto destruidor e violento para um outro lugar, aos amigos sobre apenas os bons sentimentos, o companheirismo e a fraternidade. Duvido que algum daqueles terroristas suicidas árabes jamais tenha brigado com algum amigo ou parente por bobagem. Como nós, ocidentais esclarecidos e civilizados, fazemos volta e meia. E não conseguimos conviver com a culpa depois.
São dias como esse que merecem realmente serem esquecidos por todos, pela coletividade humana. Mas infelizmente, eles ficam grudados como chiclete recém-cuspido na sua cabeça, e ainda tomam o lugar de alguma lembrança boa e longínqua da sua infância. Mas o que se pode dizer disso?
O melhor é não dizer nada. Segue-se em frente, e das duas uma: ou se redime o erro com acertos, ou se leva isso para o túmulo. É o mínimo que nós merecemos.

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