29.9.08

Se existe uma razão para a nossa existência, se não somos apenas uma consequência do acaso, então a verdade é que acabei de decifrar minha vida. Ela é uma piada de mau gosto.

Algo como aquele português que ao ver a casca de banana na calçada à frente dá um suspiro e diz "ai, lá vou eu 'scoregaire na casca de banana outra vez!"

Esse sou eu. Dotado de uma capacidade fenomenal de percepção e incapaz de utilizá-la para evitar que eu passe pelas mesmas merdas de novo e de novo. Sempre me convencendo de que "ah, dessa vez é bobagem da minha cabeça." E nunca é. E eu sempre escorrego na porra da casca de banana e caio de mau jeito e quebro a bacia.

Espero que tenha alguém rindo, pelo menos terá valido a pena.

25.9.08

Eu queria muito saber exatamente quando minha vida deixou de ter capítulos inéditos e passou a ser uma sucessão de reprises ad nauseum, tipo uma sitcom dos anos 80.

Há quanto tempo eu estou revendo o mesmo filme passar, de novo e de novo, mudando apenas - e vagamente - a ordem das cenas?

Acho que nunca em toda a minha vida eu tive uma sensação tão forte de estar vivendo em círculos quanto hoje. Pela segunda vez, uma reestruturação gerencial me foi enfiada goela abaixo por alguém que chegou ontem e já tem uma idéia mirabolante de como fazer as coisas funcionarem melhor aqui no trabalho. Sem fazer o menor esforço para convencer os funcionários, sem agregar nenhum valor - pelo contrário, agora a responsabilidade que seria do chefe de divisão será distribuída pelos subordinados, que agora são autônomos e responsáveis por seus próprios projetos. Isso tudo, claro, mantendo o mesmo cargo e função atuais. E o argumento foi o melhor - "vai engrandecer vocês." Juro que tive que segurar a gargalhada.

E o pior é que o caos que se instaurou com a transição inesperada de estrutura vai fazer muitos projetos atrasarem e/ou falharem, o que significa que a recém-conquistada responsabilidade vai se traduzir em culpabilidade com 100% de certeza. Em suma - é uma cilada, Bino!

Não consigo nem começar a enumerara as razões pelas quais essa mudança foi um erro idiota. Mas não é esse o problema. O problema é que isso tudo já aconteceu, em 2006! E naquela vez não foi feita por um comissionado qualquer, foi feita pela FGV e a um custo bem alto. E foi uma merda!

Não aguento mais esse lugar, não aguento mais essa mentalidade idiota do funcionalismo público de que toda troca de quadro hierárquico tem necessariamente que trazer uma troca de organização e de políticas que visam "moralizar" ou "agilizar" o tribunal. Essa merda nunca vai ser ágil nem rápida, e não é por falta de vontade, mas por excesso. Porque todo mundo se acha o único gerente inteligente do judiciário federal e resolve rearrumar a casa inteira quando assume. E assim eu vou, de dois em dois anos, começando tudo de novo do zero.

Mas não consigo sair daqui. É um pesadelo logístico. Sempre depende de alguma coisa - minha graduação, a quitação das dívidas, etc. - e essas coisas sempre parecem cada vez mais distantes. Mesmo a despeito da minha consciência de que eu não podia me amarrar muito a esse lugar, que trabalhar aqui era um quebra-galho temporário, estou sempre cada vez mais atrelado a esse emprego e, principalmente, ao dinheiro que ele me dá.

Eu olho para trás e penso como eu fui burro de não sair em 2005, quando as dificuldades que eu teria que enfrentar ainda seriam totalmente administráveis. Antes de investir tanto em um projeto de vida a dois que, pra piorar, acabou não vingando. Aceitei ficar aqui para poder realizar sonhos, mas eu caí da cama e quando dei por mim, estava com a cara no chão e com os pés acorrentados a esse transatlântico furado.

Acho que está na hora de cogitar mudanças mais radicais de vida. Bem mais radicais.



Wind

24.9.08

Sobre aulas de moto, Guitar Hero e a mente de um DDA

Hoje tive prática de moto outra vez. Dessa vez fiz o circuito completo do exame, e praticamente não errei nada. O instrutor disse que não tinha nada a corrigir e que, se houvesse exame nessa sexta, eu provavelmente passaria direto, salvo se o estado emocional interferisse.

Fiquei pensando com meus botões e achei que o estado emocional não seria um fator muito impactante, já que eu ainda tenho tempo suficiente de treino para assentar a habilidade além do alcance da insegurança. O problema maior, o que pode me custar a aprovação (e mais 100 pratas e 1 mês de espera pra remarcar exame) é justamente eu estar treinado demais.

Se tem uma coisa na qual eu sou bom, é em seguir algoritmos. Repetir padrões. Por isso o circuito da prova, pra mim, não passa de uma brincadeira divertida de memorizar uma sequência de ações pra superar o obstáculo. Se me deixassem, passava horas e horas ali treinando. Isso é uma coisa que vem naturalmente para mim, a repetição. Mas então por que eu nunca consegui, digamos, praticar piano até atingir o ponto que eu queria de habilidade?

Pensei no Guitar Hero. Modéstia à parte, eu sou muito bom em jogos de ritmo. Jogo o negócio no Expert há tanto tempo que o que para muita gente é um aglomerado de bolinhas coloridas, pra mim são padrões repetidos que se traduzem em movimentos manuais quase inconscientemente. E eu aprendo rápido, também - comprei o Rock Band há menos de 6 meses e já estou tocando a bateria no Expert também, em um nível bem aceitável (claro que tem espaço pra melhorar muito ainda, mas me dêem 2 anos e vou estar tinindo). Aí alguém diz - se é tão estimulante e fácil aprender a guitarra de plástico, por que é tão difícil aprender o piano de verdade?

Ai entra a questão do DDA. A mente inquieta. Enquanto os desafios estão sendo lançados em sucessão rápida, os reflexos à flor da pele, eu sou capaz de passar horas entretido. Mas basta a atividade automática dispensar a atenção, ficar redundante, que a mente divaga e eu cometo algum erro idiota. Mesmo me forçando a prestar atenção, pequenos deslizes aqui e ali normalmente botam tudo a perder. Essa é a razão pela qual eu sou um excelente jogador de Guitar Hero no nível fodalhão, mas sou péssimo no nível iniciante. A distância entre uma nota e outra e a simplicidade dos padrões é um convite ao desligamento e ao consequente erro. Essa é também a razão pela qual eu sempre, SEMPRE erro alguma coisa idiota em provas cuja matéria eu domino. Perdi um 10 na média de Geometria Descritiva no semestre passado por um erro tão imbecil, mas TÃO imbecil, que chega a dar desgosto. Tipo, confundir ímpar com par.

Por esse motivo, a minha dificuldade em fazer tarefas simples, eu tenho medo de treinar demais o circuito da prova de moto e, na hora, cometer alguma idiotice porque comecei a pensar na morte da bezerra. Nessa hora, o nervosismo é um inesperado aliado, porque ajuda a focar. Mas mesmo o nervosismo passa com treino suficiente. E dada minha progressão rápida nas aulas práticas, é bem capaz que eu não passe por ser tudo muito fácil.

Agora é torcer pra pegar um avaliador com cara de nazista. =P


Wind

22.9.08

E hoje - notem bem - foi minha segunda aula de pilotagem de moto. Semana passada a porcaria da chuva não deu trégua e eu não tive nenhuma. Agora tive que remarcar pra semana que vem (teoricamente quarta-feira agora seria a última) e provavelmente só vou poder marcar meu exame pra Dezembro (!), quando fatalmetne já terei perdido toda a habilidade =/ graças a São Pedro, o sistema idiota do Detran, e minha própria agenda de compromissos diária que se unem para ferrar minha vida. Pelo menos eu tô pegando rápido o jeito, quarta já vou fazer o circuito completo e depois é só praticar até a perfeição. Vamos ver se, chegando perto da prova, eu marco (pago) mais umas aulas pra relembrar... foda é ficar sem carteira nenhuma até lá, nem de moto e nem de carro.

Ah, só uma nota quanto ao post anterior: é bom relembrar aos leitores do blog que meu compromisso sempre foi e sempre será com meu bem-estar acima de tudo. Se eu reclamo aqui e abro meu coração, é apenas um desabafo necessário para superar os obstáculos. Que é o que eu estou fazendo, sempre.


Wind

15.9.08

E lá vamos nós de novo. Peço desculpas aos eventuais leitores, como sempre, por mais um desabafo blogado. Mas a verdade é que desabafos fazem parte desse blog, basta olhar o histórico para ter uma idéia. Aliás, por mais que eu tente sempre dar um rumo mais coeso para esse treco, a verdade é que ele reflete a minha própria pluralidade. E isso é bom, porque mais de uma vez eu já recorri ao histórico de posts para reavaliar sob outra ótica os momentos que eu já vivi - impressos não apenas nos posts enormes e filosóficos, mas também nas entrelinhas dos posts corriqueiros. O blog é meu espelho, e como qualquer espelho, nunca reflete o que queremos ser, só o que somos.

E o que eu sou - já fui, estou tornando a ser - é uma pessoa ancorada a uma rocha pesada e que atravanca meu progresso. Desde as recentes reviravoltas da minha vida - que certamente não são novidade para ninguém - estou me sentindo novamente como naquela longínqua época pré-Ritalina. E o pior é que agora não tem comprimido que resolva miraculosamente. Essa rocha, só o tempo vai erodir.

Por um lado, não me deixo prejudicar tanto por ela, porque tenho longa experiência em arrastar pesos pela vida afora. Mas por outro lado, tudo o que eu conquistei desde que iniciei meu tratamento está por um fio. Novamente sou incapaz de manter o foco, de prolongar esforços, de acompanhar raciocínios... só que agora tenho compromissos com a concentração que precisam ser honrados. Sou o único responsável por várias frentes de trabalho no tribunal, estou entrando no último ano da faculdade, e um deslize agora pode botar muita coisa a perder.

Também tenho plena consciência de que o peso foi colocado por mim, e só pode ser retirado por mim. Mas entre conhecer a solução e alcançá-la sempre existe uma barreira invisível, porém poderosa. Porque quanto mais ancorado eu me sinto, menos vontade eu tenho de reagir. Pode parecer idiota, mas é um efeito comum no meu dia. Sua manifestação mais clássica é também a mais irônica: a despeito de todas as histórias sobre dependência química causada pela Ritalina, confesso que só tomo o remédio diariamente por pura disciplina. Porque assim que o efeito passa (e passa de 4 em 4 horas, então eu tenho que tomar outra) o que acontece é que eu me convenço que não preciso de outra. E quanto mais enevoada fica a cabeça, quanto mais me esvai a capacidade de prestar atenção, mais difícil pra mim é o simples ato de pegar outro comprimido e tomar. Existem alternativas, comprimidos que têm dissolução lenta que se estende por 12 horas, e evitam esses vales ao longo do dia. Por que eu não tomo? Acho caro. Não consigo priorizar, sempre tem algum gasto (ou economia) mais importante.

Minha maior dificuldade atualmente é escapar das armadilhas do instinto, que insiste em me levar a situações viciosas. É difícil, por exemplo, me forçar a sair e ver pessoas no fim-de-semana, quando o instinto me diz que eu quero mesmo é ficar sozinho. E aí, quanto mais tempo sozinho eu passo, mais deprimido eu fico e, por consequência, mais avesso à idéia de sair ou de falar com alguém. E por mais que eu evite essa situação 90% das vezes, os outros 10% são suficientes para acabar comigo.

É foda, saber exatamente o quadro clínico e o tratamento para o que se está sentindo, mas ser incapaz de aplicar. Isso sem falar nas tentativas fracassadas de resolução. Porque eu ainda tenho um certo nível de ingerência sobre a situação toda, mesmo que se resuma a escolher entre duas dores qual eu prefiro sentir. Havia escolhido uma, que se mostrou insuportável, e corri para a outra na esperança de ter algum alívio momentâneo na troca. Mas não faz diferença. Seja qual for a natureza e o ponto de efeito, a dor suga as mesmas energias. Trocar, digamos, uma dor de cabeça muito forte por um braço quebrado, apesar de parecer inteligente na hora, no fim das contas não tem qualquer outro efeito além de machucar você em dois lugares ao invés de um só.

E assim eu vou seguindo. Tentando não parar para não assentar a pedra e ter que vencer o coeficiente de atrito outra vez quando precisar continuar. Mas não consigo fingir que a dor não existe, nem dispensar menos atenção a ela. E não consigo estar 100% enquanto não cortar as amarras. Acho que nem 50% eu consigo atualmente. Só espero que tenham paciência comigo. Juro que estou me esforçando!


Wind

11.9.08

E como eu voltei a blogar... obviamente voltarei a fazer testes imbecis :PPPP


The Nerd (Brasil) Test -- Create and Take a Fun Test @ NerdTests.com's User Tests!


auhuhahuahuahuahuauhhua genial!

10.9.08

Hoje foi minha primeira aula de pilotagem de moto. Era pra ter sido na segunda, mas choveu. E ainda rolou um arranca-rabo com o instrutor estressado que simplesmente surtou comigo porque não sabe informar as coisas e depois se irrita quando eu pergunto, mesmo que seja pela primeira vez.

Mas enfim. Passado esse episódio lamentável, hoje estava tudo ok e pude ficar praticando partida, freada e troca de marchas. Mesmo já tendo pilotado moto antes (quando tinha uns 13 anos, supervisionado pelo meu pai que sempre foi motoqueiro de trilha) eu ainda tinha um medo irracional de moto, especialmente depois que caí duas vezes (no mesmo dia!) com a 650cc do meu pai em 2000 - eu não pilotava há anos e ele quis que eu tentasse praticar no solo arenoso e seco de Brasília, com uma moto muito mais pesada do que a XL 250 antiga dele, não podia dar certo mesmo - e fiquei meio traumatizado com moto. Mas foi bem tranquilo no fim das contas.

Engraçado que relendo os arquivos do blog, encontrei um post sobre minha primeira aula de direção - 5 anos atrás, holy shit - em que eu digo que tinha a nítida sensação de que jamais aprenderia a guiar na vida. E no entanto, obviamente, eu tiro de letra hoje em dia. Acredito então que ter me dado bem com a moto logo na primeira aula é um bom sinal :)

A parte mais pentelha de pilotar moto é a troca de marchas naquele pedalzinho de 1800 e guaraná de moringa. Mas como eu tô tirando carteira pra pilotar scooter, que tem câmbio automático, é um incômodo passageiro que só vai me atormentar até o dia da prova.

Chato mesmo é saber que provavelmente minha prova vai ser só em Novembro :/ Vou bem deixar umas aulinhas de crédito pra marcar perto da data, senão vou perder toda a prática.

E é isso aí :) Boa sorte pra mim!! \o/

8.9.08

Tem dias que nem toda a convicção do mundo consegue evitar que a gente caia no buraco e se estrepe lindamente. Hoje, a chuva, o sono, a agressividade gratuita alheia e a solidão se somaram pra me vencer.

4.9.08

Pois então. Meu mais novo projeto, para quem ainda não sabe, é a aquisição de uma scooter para me livrar das restrições do transporte público - e também pra curtir por aí. As fases preliminares já estão em curso: aproveitei que estava na época de renovar a CNH e já paguei uma inclusão de categoria. Ontem fiz o exame e amanhã devo ir na escola marcar as aulas e a prova.

Também já pesquisei bastante e me decidi pela Yamaha Neo CVT 115cc. Primeiro, porque ela tem todo o conforto das scooters clássicas (câmbio automático, economia de combustível, baú, vão central, etc.) mas tem rodas grandes de 16" - porque aquela rodinha de 10" ninguém merece - e tem potência suficiente para poder fazer curtas viagens em rodovia, o que é um dos meus maiores objetivos. Segundo, porque é a moto do Sandy & Júnior!!

Mas ainda tem um problema que eu não resolvi e que pode botar tudo a perder: AONDE CARALHOS estacionar a bicha. Minha escritura não tem vaga de garagem, e o condomínio não tem área para motos (embora tenha espaço de sobra pra fazer uma) e diz que só dá pra estacionar moto junto do carro numa vaga de carro. Que eu não tenho. E não só isso, podia pedir pra encostar na do vizinho, mas tem que ser algum vizinho muito específico porque só umas 15 vagas deixam espaço pra estacionar moto sem que o carro obstrua totalmente a mesma. "Plano B," pensei, "vou estacionar num dos dois mensalistas que tem na minha rua."

Quem disse que algum deles aceita moto?

Parei pra pesquisar direito e praticamente NENHUM estacionamento guarda moto! Isso é um absurdo! Até falei que a moto vai estar segurada, com rastreador, bloqueador e o cacete a 4, mas nem chance. Aparentemente as seguradoras metem a faca em estacionamento que trabalha com moto nas grandes metrópoles, e por consequência, esses quase não existem.

Aí eu me pergunto: COMOFAS//?/ =///////

Alguém tem alguma idéia?


Wind